PORTO BELO - SÃO FRANCISCO DO SUL

 TAO e Ypake partindo de Porto Belo

No dia vinte e seis de maio às nove e meia da manhã, Ypake e TAO partiram juntos, mas cada um para seu destino: o primeiro seguiria para Ilha Bela direto sem escalas e nós para São Francisco do Sul, parando em Penha para pernoitar e evitar navegar à noite nas proximidades de Itajaí, famosa região onde eventualmente ocorrem acidentes entre pesqueiros e veleiros. O catamaran chamado Goyave II, de quarenta e quatro pés de Christian e Maryse, casal francês que conhecemos em Caixa D'aço, também fez o mesmo trajeto que nós, com vela e motor.  

Penha, que fica a umas quinze milhas adiante é uma baía que dá proteção a ventos de sul e sudeste e leste. Há vários pesqueiros de pequeno porte ancorados e uma fazenda enorme de criação de ostras à boreste de quem entra formando um canal com a costa.

No dia seguinte, vinte e sete, às sete horas saímos para São Francisco do sul como no dia anterior, de vela e calçados no motor por causa do vento fraco. Momentos depois decidimos baixar a vela por causa dos solavancos das ondas.

Chegamos as quinze e trinta depois de contactar em VHF o veleiro Alma de Mestre que estava lá nos esperando. Eles também estão atrás de seus sonhos e fazendo acontecer o Aqui - Agora num veleiro de vinte e sete pés, mostrando que tamanho não é documento nem empecilho! 

Pôr do sol em São Francisco do Sul (internet)

Nossa surpresa foi que, ao chegarmos perto do ancoradouro onde estava o Alma de Mestre, havia também outro veleiro muito parecido com o Ypake! Então, vendo melhor era realmente o Ypake! O que teria acontecido? Ao chegarmos mais perto, depois de brincar com Ezequiel dizendo que nós havíamos chegado em Ilhabela sem querer, pois era lá que eles deveriam estar, soubemos que eles tiveram uma avaria no casco, no skeg, peça que deve dar proteção ao leme. Uma rachadura de uns trinta centímetros que botava muita água para dentro do barco! Foram horas de muita apreensão, à noite e com medo de que se rompesse ainda mais e perdessem o leme. Eles chegaram à uma hora da madrugada! Colocaram espuma de poliuretano e tábuas pressionadas para estancar a água e mantiveram a bomba de porão ligada diretamente até secar o remendo. Ficamos meio atordoados com os momentos de pânico que eles passaram no mar. Tínhamos a idéia de partir, no dia seguinte, com o Alma de Mestre para Paranaguá, mas resolvemos ficar e ajudar nossos amigos no que fosse necessário.

Ajudamos o casal francês a fazer a entrada legal junto a Capitania, como tradutores, pois não falam nada de português nem inglês. Um fato curioso ocorreu quando o atendente disse que não falava francês, somente inglês. Depois que a Marga traduziu, Christian disparou: _Então que aprenda francês!! Como se o atendente tivesse que ter a obrigação de saber sua língua! Aí está a tal famosa arrogância e a disputa pela hegemonia imperialista entre os dois países! Penso que o mais importante para quem é turista é tentar se comunicar o melhor possível, seja em qualquer língua, sob pena de deixar de conhecer pessoas e até lugares!

Resolvido os trâmites, fomos agraciados com um almoço em um restaurante simples mas muito bom ali perto.

São Francisco do Sul colonial (internet)

No dia seguinte mudamos da ancoragem para o trapiche do Museu Nacional do Mar, idéia de dois outros veleiros argentinos recém chegados e que costumam fazer essa viagem até Angra dos Reis. No trapiche se tem água e luz gratuitas e ainda podemos descer para a cidade sem o inconveniente de usar o bote. Deixa-se uma âncora na popa e a proa no trapiche.

Museu Nacional do Mar, cais (internet)

O único problema é que sacode bastante quando as lanchas da praticagem passam. Se dois veleiros estiverem muito próximos podem até bater seus mastros! Começamos a avaliar melhor o dano do casco do Ypake e procurar um lugar onde se poderia retirar o barco d'água. Por sorte estávamos na maré de sizígia, com uma altura de quase um metro e meio, então resolvemos aproveitar o próprio trapiche para apoiar o Ypake lateralmente e soldar reforços por dentro quando a maré baixasse. Depois de alguns dias e de muito trabalho o reforço interno estava pronto, mas ainda precisava fazer um reforço externo no skeg, o que obrigava ao barco estar fora d'água. Recebemos uma ligação do Elson do veleiro No Fear que estava em Paranaguá que nos dizia que estava vindo para cá. Nós já estávamos prontos para rumar para Paranaguá também, mas então decidimos esperá-lo.  Ezequiel conseguiu uma carreta no Iate Clube de Joinville e em dois dias rumaria para lá. Nessa altura o Goyave II já havia partido para Ilha Bela aproveitando o vento, que naqueles dias era de sul, tornando bem difícil a vinda de Elson e seu tripulante Alexandre Futterleib. Chegaram pelas vinte uma horas do dia cinco de junho, bem cansados.

O TAO e o No Fear parados lado ao lado bem longe de casa! A Marga preparou uma sopa de lentilhas bem quente para recuperar os ânimos. Combinamos para o dia seguinte fazer alguns consertos no No Fear para enfrentar a próxima etapa de seu caminho para o sul, trabalhamos durante dois dias. No final o Elson nos ofereceu um magnífico almoço com um delicioso prato de camarões gigantes à milanesa, congrio grelhado, acompanhado de frutas, saladas e arroz à grega. Tudo num restaurante com vista para a baía da Babitonga!!!

Elson estava direto no celular e internet pois precisava de novos tripulantes para as próximas etapas, porque Alexandre teria que voltar ao trabalho no dia seguinte. Depois de cinco dias juntos, tudo estava pronto e seu novo tripulante estava a caminho. Mudamos nosso destino para Santos. Sairíamos juntos na quinta, dia dez. Na véspera, à tardinha chegou o Sacumé, um veleiro de vinte e quatro pés e projeto inglês de Beno, de Macaé. Ele também iria descer até Florianópolis. Jantamos naquela noite todos juntos. No dia seguinte quando acordamos o Sacumé já partira. O Elson esperava seu tripulante e nós nos despedimos para seguirmos nossa viagem


15/06/2010
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