NO FEAR - DE VITÓRIA ATÉ ANGRA DOS REIS

Diário de Bordo: 

 

Catedral, vista da escadaria. 

 

Chegamos a Vitória, ES em um dia com muito vento e céu limpo. Dia 19 de novembro de 2009. Somos Marga e eu como tripulação do No Fear, Delta 32 recém comprado pelo Elson Lorenzoni em Salvador. Infelizmente um acidente na navegada de Salvador até Vitória deixou-o sem condições de comandar seu barco neste trecho.

Não será dessa vez que ele completará o mapa: Este trecho que iremos fazer é o único que lhe falta navegar, desde Buenos Aires até Fernando de Noronha! Na última reunião que tivemos antes da viagem ele me pediu para fazer parte da tripulação do TAO quando subirmos em 201 0. Será um grande prazer para nós!

Por aqui, estamos nos ambientando ao barco. Equipamentos diferentes com os quais é preciso um tempo para adaptação.

Dia 20/11 - Deixamos o Pato, marinheiro contratado pelo Elson, fazendo as últimas lidas e fomos conhecer a cidade. Pegamos um ônibus em frente ao clube, que é muito bem localizado, e fomos para o centro. O calor era tanto que nem o vento abrandava!

Ao passar de ônibus pelo centro, à esquerda fica o porto de Vitória, com grandes navios e águas muito calmas, em razão da proteção de terra. Seria um excelente porto de recreio. Vou tentar descobrir o porquê de não existir.

Como não conhecíamos nada, e a vista por onde passava o ônibus era bonita, fomos seguindo até o fim da linha. Só que depois das belas paisagens de morros e do braço de mar e mangue, chegamos a uma vila muito pobre e, como ainda somos muito preconceituosos, achei que seríamos assaltados!! Nós dois, com chapéu, loiros e com jeitão de turistas somos presas muito vulneráveis e fáceis para os malandros de tocaia. Felizmente nada aconteceu e voltamos para descer no centro.

Caminhamos, tomamos caldo de cana e conhecemos o museu de arte do estado (MAES) onde havia uma exposição sobre a interessante história do carnaval, nos seus primórdios na Europa e de um conhecido artista local Dionísio Del Santo, com belas e muito bem feitas serigrafias.

Depois fomos visitar o Teatro Carlos Gomes, muito bonito e inspirado no Teatro Scala de Milão. Ficamos sabendo que há um roteiro de visitações do centro histórico da cidade que é bem legal. Fomos também à Catedral e depois voltamos para "casa".

 

Teatro Carlos Gomes 

 

21/11 - Passamos o dia em tarefas no barco. Depois visitamos a "Feira dos Namorados", que abre todos os finais de semana na praça em frente ao clube. Comemos algumas coisas boas como um Pastelão Capixaba e Bobó de Camarão.

22/11 - Acordamos cedo, apesar de domingo. Ainda não ventava então me motivei a fazer a navegação no plotter até Búzios. Lá pelas 9 da manhã começou a soprar o N/NE. É um relógio! À tarde o vento sempre chega aos seus 20 knots e ao anoitecer ele acalma quase parando. Os nativos daqui chamam a cidade de Ventória!!

Ainda hoje dei uma geral no cabo de âncora que estava muito torcido e organizei a corrente.

Reabasteci o tanque de diesel com o que tinha na bombona e resolvi lavá-la internamente, pois estava com uma borra horrível!

23/11 - Hoje recebemos o bote do conserto do vazamento. Parece que ficou bom, e na avaliação do Sr.Wilson, não tinha impressão de que havia consertado recentemente. Passamos para o cais de barlavento para facilitar a saída e também porque vencera nosso prazo no trapiche. O Pato fez a mão: poita na proa e âncora na popa. Fizemos as últimas compras, abastecemos de diesel e encerramos a conta no clube.

Acessamos a última previsão de tempo e parece que tudo irá bem. A terça promete ventos entre 15 e 28 knots. Na quarta diminui um pouco. Ainda bem que é favorável. A Marga está fazendo um bolo para a viagem e já estamos de banho tomado! Tudo parece em ordem. Nós dois chegamos aqui resfriados. A Marga jura que ela não passou para mim, mas faz mais de um ano que não tenho nada e justo quando ela fica resfriada, eu também fico! Tudo bem, vou curar isso mergulhando, tomando cerveja e aproveitando tudo o que eu puder lá em Ilha Grande!!

24/11 - Partimos às 6:30 h da manhã  seguindo o tracking de chegada do No Fear pela passagem do "Baixo do Carapebus" e alcançamos o alto mar. O vento era NE de uns 14 knots e nos levou à Búzios, umas 180 milhas de distância. O dia transcorreu normalmente e com pouco tráfego. À noite havia menos tráfego ainda, que bom!

Ultrapassamos o Cabo São Tomé numa boa e amanhecemos um pouco cansados, pois os quartos de hora eram seguidos à risca. 

25/11 - Estamos à 60 milhas de Búzios. O vento é brando, duns 10 a 12 knots. A Marga dorme agora, então vou à vela para não acordá-la. Faltando 30 milhas ela acorda e ligamos o motor para chegar cedo, pois não conhecemos o lugar.

A chegada foi com ventos duns 18 knots e quase erramos de enseada, mas deu tudo certo.

A cidade é pequena, vista do mar, e os pontos de ancoragem também! Ancoramos a 1ª vez num canalete de acesso, por isso estava livre! Fomos aconselhados de trocar de lugar. Ficamos meio assim, mas depois resolvemos concordar. Vamos que um pesqueiro resolve passar e bater no barco! Eu não posso nem reclamar!! O clube estava com as suas poitas reservadas para a regata de veleiros clássicos, tradicional daqui, portanto era só na âncora! O funcionário do clube nos indicou um lugar que, quando chegamos e soltei a âncora, vimos que havia um vento encanado do morro muito forte. Ao resolver sair dali a âncora trancou, imagino eu, num cabo de poita velho e não subia! Foi estressante, pois o barco estava solto e andando, e ao mesmo tempo preso no tal cabo. Larguei toda a corrente rapidamente para ver se soltava e depois de muito esforço consegui subi-la, mas ao subir quebrou a peça que fixa a lingueta do guincho! A Marga foi muito safa no leme mantendo o No Fear livre dos outros barcos em volta até que eu me desvencilhasse do problema. Tentamos outra ancoragem, mas a âncora não unhava, então voltamos para o mesmo lugar da 1ª vez, porém livrando mais o canalete. Já estava escurecendo e felizmente deu tudo certo, mas com o guincho fora de uso! Ao examinar mais detalhadamente o problema constatei que já havia quebrado e tinham consertado precariamente. São dois parafusos finos que fixam a tal lingueta ou finger, e só tinha um! Daí toda a peça girou e entortou o único parafuso que segurava tudo. Agora estamos sem guincho.

26/11 - Icei âncora e seguimos para Cabo Frio para consertar o guincho e também para nos proteger de uma mudança de tempo, com ventos fortes que vai passar por aqui. A navegada é de 15 milhas e a entrada é meio perigosa, com rochedos nos dois lados.

 

Entrada Rio Itajurú

 

O canal de acesso ao Rio Itajurú (Portal de Pedras em Guarani) é raso à direita, mas dá legal. Passamos pela sede do Iate Clube do RJ porque o vento estava forte e seria perigoso atracar sem danificar o barco, então seguimos adiante para o Iate Clube de Cabo Frio que estava mais bem localizado naquela situação. A maré era vazante e ao chegarmos ficamos encalhados. O funcionário que deveria estar em seu posto, não estava para me indicar o local correto de atracagem. Ao dar entrada na secretaria, fui informado que a tripulação não pode ficar no barco à noite, então teríamos que ficar numa pousada! A nossa sorte é que estávamos encalhados e com o No Fear já um tanto adernado. Ponderei que não poderia deixar o barco naquela situação, pois a maré subiria só pelas 23 horas e eu teria que estar ali para trocar de lugar, além do que, não era minha culpa. Depois de algumas ligações concordaram comigo. Ufa, vamos economizar uma grana de pousada e no dia seguinte,  aproveitando a outra maré apoitaremos no ICRJ, mas marchamos com R$22,00 da diária. Esse clube é muito elitista e é praticamente de lanchas. Neste momento estamos sentados no restaurante do clube com um visual do rio e das luzes da cidade, tomando uma cerveja e comendo uma porção de kibe de peixe.

 

Vista do Iate Clube de Cabo Frio

 

27/11 - Hoje acertamos nossa mudança de clube para o ICRJ, onde comumente os veleiros aportam. Esperamos a maré alta e encostamos no clube. Vários funcionários vieram nos ajudar na manobra que foi muito tranquila. O Delta 32, nesse ponto é muito mais fácil de manobrar que o TAO. Ele é leve, pode-se segurar na mão, muitas vezes. Calculo que o No Fear seja 1/3 do peso do TAO. Porém em navegadas com ondas o TAO é bem mais confortável. Comparações não podem ser feitas entre os dois barcos, pois são para propósitos diferentes.

 

No Fear no ICRJ

 

Aqui no ICRJ vamos reabastecer de água, diesel, comida e fazer o serviço no guincho. Depois de esperar por um mecânico até às 15 h, resolvemos pegar um ônibus e ir ao centro da cidade atrás de um torneiro mecânico indicado. Aproveitamos o passeio para conhecer o lugar e fazer compras. Combinei o serviço para as 8 h da manhã e já comprei os parafusos necessários para a substituição. A localização desse clube não podia ser melhor. O barco fica em frente a um deck onde há cadeiras e poltronas, e à direita, uns 100 m fica o restaurante.

 

Vista do deck no ICRJ

 

Saindo do clube, a uns 200 m há uma praia linda e no lado direito dela há uma construção antiga em cima de um rochedo. À noite fica todo iluminado. Esse rochedo, na verdade, é o mesmo da entrada do Rio, que fica a bombordo de quem entra.

30/11 - Tudo resolvido, saímos de Cabo Frio às 9 h da manhã, sem vento, seguindo o tracking da chegada. Rumamos direto para o Boqueirão, que é uma passagem entre a Ilha de Cabo Frio e a Ponta do Atalaia, no continente. O trajeto deve ser feito encostado na ilha, pois o restante é muito raso. Dá um certo receio, mas o mínimo de profundidade por onde passamos foi de 3,2m. Vale muito a pena, o lugar é lindo!!

 

Vista do Boqueirão e a saída ao fundo

 

Passaram a moto-serra!!

 

Já no lado de fora, o vento apareceu e conseguimos velejar por umas 2h. Depois ligamos o motor de novo para desligá-lo somente na ancoragem de Ilha Grande! Com pouco tráfego, apenas navios que passavam ao largo, a navegada foi das mais tranquilas, mas isso não impede de fazermos os quartos de hora rigorosamente, o que nos deixa sempre cansados.

Passamos pela Baía da Guanabara anoitecendo. Vimos o Corcovado, a ponta do Leme, Copacabana, a Pedra da Gávea e depois o Leblon e a Barra da Tijuca. Dali a praia segue até o Recreio dos Bandeirantes. Chamou-me a atenção foi o tráfego intenso de aviões decolando e pousando do Galeão, longe, na Ilha do Governador. É muito legal!

01/12 - Ao amanhecer vamos chegando e me surpreende a quantidade de navios ancorados próximos à Ilha Grande. De longe pareciam luzes de uma cidade, mas não podia ser, porque não há nenhuma cidade em Ilha Grande, a não ser na Enseada do Abraão que não tem visada daquele ponto.

 

Navios ao nascer do sol

 

Ancoramos junto a um veleiro suíço numa baía muito protegida, já dentro de Enseada de Palmas. Fomos nos deitar para descansar o corpo. Depois nos empastelamos de protetor e fomos tomar um banho.

 

Ancoragem e Enseada de Palmas ao fundo

 

À tarde trocamos de ancoragem, para a maior baía, mais ao fundo. Lá descemos com o bote para explorar. Voltamos, tomamos banho e fomos fazer a navegação até Angra. Vimos que, em função dos muitos obstáculos, a distância ficaria em 31 milhas. Decidimos então, navegar por aqui até o dia 05 quando terá o natal dos velejadores, na praia do Sítio Forte, onde todos os que estiverem na região se encontrarão. De lá seguiremos juntos para a Marina Porto do Bracuhy.

 

Veleiro antigo em Palmas

 

02/12 - Acordamos, içamos âncora e fomos até a Baía de Abraão. Em menos de 1 hora estávamos novamente ancorando à esquerda da baía, onde já estão 7 veleiros.

 

Chegada na Enseada do Abraão

 

Esse lugar é bem mais movimentado e até tem um centrinho organizado. Mais ao largo está ancorado um daqueles navios de cruzeiro que despeja turistas nas praias.

Aqui conseguimos conexão de internet e mandamos notícias ao Elson e familiares. Descemos o bote e fomos ao centro fazer compras e almoçar. Deixamos um rapaz que aluga caiaques cuidando do nosso bote. Dei-lhe 10 reais: melhor assim, menos preocupação! Na volta encontramos um veleiro francês de Lorient, cidade que conhecemos em nossa viagem pela Europa. Pertence ao casal Alain e Ute, tem 50 pés, é de fibra e extremamente confortável: 2,4 m de calado e 4,6 m de boca. O barco chama-se Freya, nome de uma deusa Escandinava. Conversamos um pouco e depois fomos ao No Fear, tomamos banho de mar e descansar. Amanhã é outro dia...

Antes de nos recolher trocamos de ancoragem, pois tinha uma escuna grande com um som muito alto. Ancoramos no Abraãozinho.

03/12 - Acordamos e depois do café acessamos a internet para termos novidades. Pelas 9:30h içamos âncora e fomos até o Saco do Céu. Pouco tempo depois já ancorávamos no lado leste da baía, onde é bom para fazer snorkeling. Vimos muitas estrelas do mar cor de laranja enormes, muitos peixinhos e uma moréia verde linda! O sol apareceu entre as nuvens e deu para ver muita coisa! Tentei pescar, pois pulavam peixes a toda hora, mas nada de fisgar! Passamos o dia assim, tomando banhos e curtindo o verde dos morros em volta.

Decidimos pernoitar por aqui para seguir caminho, mas tivemos um imprevisto: a água das bombonas pequenas acabou e os 20 litros que haviam de reserva em uma outra bombona de Confort estavam com gosto de perfume! Não deu para usar em alimentos.

Então amanhã teremos que voltar para o Abraão e comprar água. Vou aproveitar e comprar mais cervejas também!

Há uma previsão de ventos de sudoeste forte chegando sábado pela manhã. Provavelmente já estaremos no Sítio Forte.

04/12 - Choveu toda a noite, mas pela manhã deu uma estiada e levantamos ferro. Já no Abraão, depois de feitas as compras e de termos almoçado, pelas 14 horas entrou o tal sudoeste, com rajadas bem fortes e muita chuva. Isso durou até as 17 horas. Que bom que voltamos, pois no Saco do Céu poderia ser perigoso da âncora garrar, pois dizem que o fundo lá não é bom.

05/12 - Acordamos e pelas 8 horas e seguimos ao Sítio Forte, pois além da possibilidade de encontrarmos algum veleiro conhecido, também é caminho para Angra. Com chuva fina e tempo fechado chegamos em 2 horas de motorada.

 

Indo para a Enseada do Sítio Forte

 

Largamos ferro com 14 m de profundidade entre o Freya e o Acauã, do Weber e Miriam, gaúchos do ICG. A chuva parou e o sol está querendo sair muito timidamente. Fiz contato com o Weber pelo VHF e combinamos um papo no cockpit com cervejas para mais tarde, quando ele terminasse seus afazeres. Mais tarde foram chegando outros barcos: o Maracatú do Hélio e Mara, que tinham como tripulantes o Renato e a Suzi do veleiro Samba, o Jornal, do Vilmar e Higina que deram a volta ao mundo, depois chegou o Arizon, de madeira, um design que lembra o Spray.

Mais tarde veio também uma lancha trazendo a família do velejador Pethersen, muito legais. Já estava formada a turma que iria participar do natal dos velejadores. Nos encontramos no bar da praia e fomos convencidos de trocar de ancoragem e ficar numa das poitas do bar pois aqui também o fundo não é muito bom. Aceitamos, pois sempre prefiro dar ouvidos a quem conhece a região.  

À noite, pelas 20h foi marcado o encontro: cada um levaria um prato e a bebida era por conta própria. A Marga fez duas pastas: guacamole e atum com moranga, cebolas e alcaparras. Os outros levaram peru, pernil, pastas, e doces. A Suzi se fantasiou de Papai Noel e agilizou o amigo secreto. Foi super legal, rimos muito com o Hélio e o Weber contando estórias! Dava gosto de ver o casal francês que não parava de rir. Para eles, essa felicidade e brincadeiras das pessoas era algo indescritível. Ficamos até a 1 da manhã.

06/12 - Acordamos, tomamos café e depois nos encontramos todos no bar para um passeio na mata até uma cachoeira. Tudo isso é organizado há 17 anos sempre pela incansável Suzi do Samba. É impressionante sua disposição e alegria que contagia as pessoas. Foi um passeio lindo, com visuais fantásticos das baías e enseadas.

Havíamos pensado ir ao Bracuhy hoje junto com o Maracatú, mas o Vilmar e Higina voltarão amanhã com os outros, então decidimos ficar também. Mas antes falamos com a Mara e ela nos deu os pontos do caminho mais perto ao Bracuhy: 12 milhas apenas. Nesta tarde apareceu a Adriani com o Narceja com sua irmã, esposo e o Chicão. Vieram de bote até nós para convidar-nos para um happy-hour no Narceja. Então fomos lá e de novo mais uma festinha. Ficamos até meia noite e meia!

07/12 - Acordamos mais tarde, quando todos os veleiros já estavam saindo. A rota que a Mara nos deu é entre lajes e ilhas. É legal porque passamos muito perto de lindos recantos.

 

Igreja a caminho do Bracuhy

 

Acabamos chegando juntos na marina. Atracamos no pier Lars Grael para depois seguirmos ao lugar definitivo, onde ficam todos os gaúchos. Logo ao descer e conhecer um pouco em volta achei tudo meio jogado e abandonado, principalmente os locais de serviços que são muito sujos e maltratados. As residências em volta são também de péssima qualidade.                          

Mas é tranquilo e temos muitos amigos por aqui, isso é o mais importante. Mas eu imaginava o Bracuhy muito mais bem cuidado.

Já começamos a preparar o No Fear para sua estada aqui, guardando as escotas e ajeitando para quando o Elson chegar e tudo estar em ordem.  

Termina aqui nosso agradável passeio e em nossos corações um sentimento de missão cumprida.

 



18/12/2009
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