FLORIPA - RIO GRANDE

O Lampejo partiu dois dias depois e nós ficamos esperando um tempo melhor, que desse pelo menos, para velejarmos o máximo possível.

Acompanhávamos diariamente a previsão do tempo, mas o vento nordeste não tinha força suficiente para nos levar até Rio Grande. Enquanto esperávamos, fomos passear no centro da cidade e ao cinema num shopping! Neste ínterim, alguns veleiros foram chegando, como o 30 pés “Rebojo” de Ernesto Pires e Antônio Azambuja. O “Complice”, um 32 pés argentino com 3 tripulantes e o “Phoenix”, um 33 pés do casal romeno Marius e Catalina.

Combinamos de fazer o trajeto todos juntos, então na sexta-feira, dia 26 de novembro às 6:00 da manhã em ponto recebo o chamado do Rebôjo pelo VHF: _ atento TAO, atento TAO, aqui veleiro Rebôjo avisando que estamos desatracando, na escuta?

_Aqui TAO na escuta, estamos saindo também.

E assim por diante o Complice e Phoenix deram aviso de partida.

Seguimos todos a vista, rumo ao canal de Naufragados. Era uma manhã com algumas nuvens, mas prometia muito sol. Ao passar a garganta que dá acesso ao mar aberto, bem ao sul da Ilha, todos os veleiros iniciaram uma dança particular, que de acordo com seu tamanho, ia de um balé a um axé baiano, tal era o movimento que as ondas ofereciam à pequena flotilha.

Procuramos todos mantermos a mesma estratégia de não nos afastarmos demais da costa, pois de acordo com nosso horário e velocidade estaríamos passando pelo Cabo de Santa Marta ainda de dia, o que facilitava as coisas.

O vento era fraco e o motor contribuía, e muito, com nossa velocidade. O TAO começou a se distanciar aos poucos dos demais e em pouco tempo perdemos o contato visual. A janela era curta e não podíamos perder sequer um minutinho! Passamos nossa experiência desse pedaço de oceano aos amigos do Phoenix para não perderem tempo e ajudarem com o motor para manterem uma média de 6 nós de velocidade. Mas como todo o velejador experiente, Marius confiava mais em seus atributos do que num amigo recente, o que às vezes faz sentido, ele não acreditava que a costa gaúcha tem um tempero diferente de outros lugares por onde passou então, logo que um ventinho chegou, avisou-nos que estava velejando e o motor iria ter um descanso!       

 No segundo dia a navegada seguia tranqüila, mas os amigos do Rebôjo estavam apreensivos com a previsão do tempo e eventualmente tentavam contato com a Junção rádio sem sucesso. Nós perdemos contato primeiramente com o Phoenix, depois com o Complice. Mais tarde saberíamos que a antena do Phoenix amanhecera caída no convés! Segundo eles um pássaro grande batera na antena! Que coisa!!

O vento naquele momento estava contribuindo bem com a velocidade, mas o TAO precisava de um pouco mais para empurrar suas aproximadas 9 toneladas, o que nos obrigava a seguir com o motor, mas em marcha mais lenta.

Às 14: horas do terceiro dia acabou a mamata! O vento sul além de chegar adiantado, chegou apressado também! Logo o mar cresceu e dificultou um pouco as coisas! Tivemos que adaptar as velas para aquelas condições trocando a genoa pela trinqueta. Logo depois arrebentou o punho da valuma da vela mestra. (para quem não sabe é uma das 3 pontas do triangulo da vela grande que a sustenta aberta). Fui obrigado então a dar um rise na mestra, que tornou até melhor o ajuste pois o vento estava na casa dos 20 nós.  A previsão do tempo que tínhamos tirado em Florianópolis dizia que assim que chegasse, o vento sul passaria para sudeste, o que não se confirmou!! Sorte que estávamos ainda com uma boa altura em relação à costa, o que nos permitiu fazer uma orça apertada para não precisarmos  cambar. A rota feita no plotter me dava a confiança que nós não estávamos derivando! E foi de olho no vento, que quando arribava eu ganhava alguns míseros graus ajustando o piloto, e cuidando o tempo restante que conseguimos entrar ainda de dia, às 20 horas, no canal de Rio Grande. Às 22horas já estávamos atracados no cais do Rio Grande Yacht Club.

Dormimos aquela noite o sono dos deveres cumpridos!!

O segundo barco a chegar foi o Rebôjo, às 10 horas da manhã do dia seguinte e, às 16 horas do mesmo dia foi a vez do Complice aportar no mesmo cais do Rebôjo. Faltavam ainda nossos amigos romenos, que já deveriam ter chegado. Todos já estavam ficando um pouco aflitos, mas como o tempo havia melhorado, mantivemos a calma.

Naquela noite alguns associados do RGYC ofereceram a todos um churrasco de boas vindas! Confraternizamos com as tripulações do Rebôjo, do Complice e os demais amigos! 

O Phoenix chegou à noitinha daquele mesmo dia na barra e resolveu ancorar por ali, onde ficam alguns pesqueiros, evitando de seguir até o Museu do Mar à noite. No dia seguinte ao encontrá-los já no Museu, eles nos confidenciaram: Da próxima vez vamos seguir a recomendação de quem conhece a região! Fica tudo bem mais fácil!!  Eles perderam altura e tiveram que dar um bordo para o leste, o que os fez perder muito tempo!

Ficamos felizes que tudo deu certo. 

 

      

                 

 

 

 

 

 

 

 

 



04/01/2011
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