DE VITÓRIA À CARAVELAS

                                      De Vitória a Caravelas

 

 

O TAO ancorado juntos às Ilhas Andorinhas, em Vitória.

Foto do Webber, do veleiro Acauã.

 

 

Depois de quase um mês em Vitória, estávamos só aguardando o vento sul para nos levar a Caravelas, Bahia! Para nossa viagem será um marco importante! Lembrávamos quando ainda estávamos em Tapes, sonhando com este momento. Os veleiros Skua e um catamaran inglês que chegara 3 dias atrás aqui, estão partindo no sábado, 13 para Salvador. Nós, por outro lado vamos sair no domingo, pois o vento será mais constante, segundo as previsões. Comentamos com o Webber, por VHF, que dá uma tristeza ver os amigos partindo, com as velas içadas, tocando as businas, talvez para nunca mais nos encontrarmos... Dá um nó na garganta e algumas lágrimas contidas deixam os olhos molhados de saudade. Mas é assim a vida dos navegantes. Quem pode afirmar que um dia, no futuro não nos reencontraremos! Por isso dizemos sempre: Até breve! 

 

 

 

Ao fundo o Skua partindo com a mestra içada.

 

 

Levantamos âncora às 6 horas da manhã, com vento sul e nuvens esparsas. Levantamos a vela mestra e fomos devagarzinho saindo da pequena enseada. Trocamos palavras de despedida com os amigos Webber e Miriam do Acauã e seguimos nosso curso. O motor estava na lenta ajudando nas manobras e, quando aumentamos a rotação ele começou a aquecer além do normal. Notei o problema e desliguei-o para examinar o defeito no caminho. Não queríamos voltar nem perder esse vento.

Ao sair da proteção da enseada os rolões (ondas ou swell) de sul deram o ar da graça. Abrimos a genoa e começamos a navegar com boa velocidade, mas ao sair do porto e pegar o rumo certo o vento ficou bem empopado e tivemos que recolher a genoa e deixar só a mestra içada. Seguimos com boa velocidade, mas as ondas grandes deixavam a navegada um tanto desconfortável. À medida que as horas se iam, o TAO aumentava a velocidade, surfando uma que outra onda e chegando aos 8 knots de velocidade! Em volta víamos muitas baleias pulando e mostrando suas nadadeiras e caudas! Lindo e assustador, pois às vezes passávamos bem perto delas...

A noite chegou e o vento estava bem forte, muito mais que as previsões anunciaram. Resolvemos baixar a mestra e abrir só a trinqueta (vela pequena de proa) por dois motivos: Dificuldade de manobrar a vela mestra, que é muito grande e o risco de bater numa baleia em alta velocidade! A velocidade caiu para 5 knots, às vezes subia um pouco e às vezes caia para 4 knots. Com isso o TAO ficou mais vulnerável às ondas de popa, fazendo com que sacudisse desconfortavelmente. A noite não foi muito boa, mas estávamos ganhando milhas, e isso é o que importa! Passamos Rio Doce, que forma um cabo e o vento ficou bem popa rasa. Mas a trinqueta manteve o curso, porém com menos velocidade. Eu pensava na chegada, pois tínhamos que entrar no rio que banha Caravelas até às 15 horas de segunda-feira, para pegar a maré enchente. Se eu não resolvesse o problema do motor teríamos que entrar na barra à vela! Amanheceu e logo icei a genoa grande e a velocidade aumentou. Resolvi mexer no motor para tentar fazê-lo funcionar. Descobri que a água do motor tinha vazado completamente por uma mangueira que tinha escapado de um cano. Remontei, enchi de água e liguei o motor para testar: Funcionou bem, mas quando aumentava a rotação ele ainda superaquecia. Desliguei o motor e deixei para ligar só quando fosse preciso. Fui fazendo as contas da hora da

chegada! Passamos entre os recifes de Nova Viçosa meio apreensivos, que estavam embaixo dagua por causa da maré alta, seguindo a risca a carta náutica.

 

À esquerda a rota feita e a direita o caminho que fizemos.

 

 

Visual nada acolhedor da chegada!

 

Tínhamos que fazer o percurso mais direto possível para chegar ainda com a maré enchendo, ou no máximo no estofo (momento que a maré fica sem movimento, alguns minutos apenas).

Pelos meus cálculos chegaríamos às 16 horas! Chegamos em frente ao canal e consegui ver o primeiro par de bóias. Nisso entrou um vento muito bom de través que nos fez correr com muito boa velocidade! Uma chuva grossa caiu e a visão ficou muito restrita, mas o GPS nos guiava corretamente. Ultrapassamos os cinco pares de bóias só com a genoa. Entramos no rio à esquerda e cambei a vela (virei a vela para o outro lado do barco) e continuei velejando. A Marga estava dentro do barco, mas de prontidão para qualquer coisa que precisasse, pois a chuva caia fortemente! Por sorte a maré não tinha virado ainda e seguimos bem e já sem nenhuma onda pois estávamos com a proteção da costa. Contatamos o amigo Maurício por VHF e ele nos disse que estava nos esperando com o bote na poita (bóia de amarração de barcos) onde nos amarraríamos! Então ligamos o motor e deixamos na lenta para ajudar na chegada. Avistamos o Maurício e fomos direto ao seu encontro. Nisso o TAO começou a diminuir a velocidade e percebemos que a maré começara a correr! O TAO se arrastou para chegar, com a Marga no leme e eu na proa para pegar a bóia. Finalmente recebi os cabos e nos amarramos com toda a segurança!! Por muito pouco, minutos apenas de atraso, teríamos muita dificuldade de chegar na poita, pois a corrente de maré chega a 4 knots, pois estamos bem na maré de sisígia (momento de maré mais alta do mês)! Provavelmente teríamos que baixar nossa âncora no caminho para esperar a virada da maré.

Mas tudo deu certo novamente! Chegamos neste paraíso, um rio rodeado de vegetação! Estamos loucos para desvendar este rio e ir até Nova Viçosa, num passeio maravilhoso, segundo os que conhecem a região!    

Ao contrário dos relatos de amigos, temos boa conexão de internet (CLARO), temos sinal forte da TIM, só a TV Globo pega razoavelmente bem, não sofremos com mosquitos, não há ondas e tem vento e sol para carregar nossas baterias!! Perfeito!!!

 

 

À direita o veleiro Sanukstar do nosso simpático anfitrião Maurício.

 

Quanto ao problema do motor, cheguei a conclusão que há um entupimento na entrada da água salgada do casco, que refrigera o motor! Muitas vezes entra alguma coisa, até um pequeno peixe ou cracas que fazem obstruir a entrada de água. Para resolver isso, é preciso mergulhar e limpar o cano. Mas como a maré aqui é grande, mais de 2 metros, vou tentar botar o TAO no contrabordo do trapiche em frente, esperar a maré baixar e com o TAO no seco, fazer o serviço de limpeza. Mas isso vai ficar para a próxima postagem. Por enquanto vamos conhecer a cidade e pegar o jeitinho baiano de viver, sem stress, despacito!!



04/01/2013

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