PINHEIRA - PORTO BELO

Veleiro Karma na enseada da Pinheira

Pinheira é um excelente ponto de parada para quem vem do sul e não quer entrar à noite no canal sul da Ilha de Florianópolis. A proteção é maior quando se ancora bem dentro da enseada, passando a Ilha do Papagaio, entre o cultivo de ostras e a única casa que hà ali, dos donos do cultivo. Mas nesse ancoradouro, de fundo de areia, deve haver  várias âncoras deixadas e perdidas por alguns veleiros que ali chegaram. Eu soube de três: uma do veleiro Karma, da Irlanda, uma do Ypake e outra de um pequeno veleiro também argentino que a deixou lá por não conseguir retirá-la de tanto que estava enterrada na areia! Menos mal! Pelo menos não se corre o risco de garrar!

Veleiro amarelo na Pinheira

No dia 16 de maio saímos bem cedo de Pinheira, sem ter comido as famosas ostras que ali são produzidas, por que disseram que não havia mais no momento. Fomos direto ao Iate Clube Veleiro da Ilha, em Florianópolis, numa motorada sem nada de especial, além da paisagem e dos belos morros verdejantes junto ao mar. Coisa que, nós gaúchos, invejamos dos vizinhos catarinenses. Estávamos querendo fugir de um nordestão que sopraria na região previsto para dali a dois dias.

Forte na Ilha de Araçatuba

Farol Sul da Ilha de Santa Catarina

Tivemos quatro dias de cortesia no clube que nos propiciou passear e visitar a cidade, antigamente chamada de Desterro.

Para quem quer seguir ao norte da Ilha pode fazê-lo de duas maneiras, por fora da Ilha, a leste ou passando por baixo das pontes nova e velha que ligam a Ilha ao continente. Estávamos apreensivos pela altura do mastro do TAO, apesar de muitos amigos terem-nos garantido que passávamos, desde que fosse pelo vão certo! O guia do Marçal Ceccon diz que a ponte tem 17 metros de vão, mas ele não fala nada em relação à maré, o que pode mudar tudo! Então decidi procurar alguém do clube que realmente poderia me dar essa resposta e encontrei o velejador que fez uma medida correta na régua da altura da maré, que fica na rampa de acesso das lanchas. Segundo ele, a marca em vermelho diz que temos dezoito metros de água embaixo da ponte nova, o que me deixava bem seguro pois a maré naquela hora estava quase um metro abaixo da tal marca.

Quase passando...

Ufa ... já passou!

 Então logo depois de abastecermos de água e diesel rumamos para Jurerê via ponte Hercílio Luz. Mesmo sabendo que passaríamos essa situação é muito estressante, pois da visão do barco perdemos totalmente o golpe de vista e o senso de distância. A Marga tentou filmar, mas na hora da passagem ela ficou tão nervosa que não conseguiu pegar o momento certo!

A linda ponte Hercílio Luz

Fortaleza na Ilha de Ratones

Passado o stress seguimos para a praia de Jurerê com vento de sul moderado, de onde no dia anterior haviam retirado da praia três barcos, que tiveram rompidos seus cabos de poita da sub-sede do Clube por causa do tal vento previsto. Um deles foi o famoso Aysso, da família Shürmann, que no final das contas, depois de ter sido retirado por um rebocador, só sofreu danos na pintura do costado e já estava boiando novamente, agora em sua âncora. Outro veleiro teve sua quilha e leme arrancado deixando um buraco no fundo do casco todo delaminado. Uma visão muito triste!

Aquela noite do dia vinte de maio passamos muito bem abrigados, ancorados em meio aos muitos veleiros e lanchas, mas nossa idéia era, na manhã seguinte aproveitar o vento favorável e seguir até Porto Belo, onde encontraríamos nossos amigos argentinos do veleiro Ypake.

Então saímos no dia vinte e um às onze e quinze da manhã. Céu encoberto, uma chuva fina e vento de 20 nós de sudeste a sudoeste e com apenas a genoa aberta fazendo uma média de cinco nós e meio, as quinze e trinta chegamos em Caixa D'aço, uma pequena enseada muito protegida e bem conhecida até por piratas que vez em quando navegavam por essas bandas. Sua boca fica em frente à Ilha de Porto Belo e voltada para o sudoeste. Dizem que seu único inconveniente é o fundo que, quando sopram ventos muito fortes e o barco gira na âncora, facilita garrar. Por sorte não tivemos essa experiência enquanto ficamos lá!

Chuva e sol em Porto Belo

Logo ao chegar avistamos o Ypake, com Max, um Labrador com cara de poucos amigos no convés assistindo nossa chegada. Minutos depois encostava o bote deles nos recepcionando e matando a saudade que era recíproca. Desde Rio Grande não nos víamos e tínhamos muito que conversar.

Veleiro Ypake em Porto Belo

Nos sentimos muito ligados à eles, e da mesma forma eles conosco. Lá em San Fernando, na Argentina quando nos conhecemos acompanhamos parte do aparelhamento do Ypake, inclusive a solene colocação do mastro, com uma moeda de um real sob ele, para dar sorte. Naqueles dias fomos ficando unidos no mesmo sentimento da busca do sonho da liberdade.

Veleiro 'primo' do TAO, em Porto belo

Permanecemos com eles ali até o dia vinte e seis, quando o Ypake resolveu partir para Ilha Bela, já cansados da chuva e frio do sul e nós para São Francisco do Sul.  

Porto Belo com sol

       



15/06/2010
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