DESTINO: BUENOS AIRES

 

 

 

 

 Nosso destino, finalmente será Buenos Aires! Muitos perguntaram: Por que descer, lá só tem ventão?

Bom, primeiro porque é março, e é a época de vento nordeste. Segundo porque é uma região com muita cultura náutica. Tanto Argentina quanto o Uruguay.

Saímos no domingo, dia 15/03/2009 à tardinha para fazer uma parada, já à noite na Praia do Flor, perto da Ilha das Pombas, ainda no Rio Guaíba. Lá tem proteção do vento sudoeste, que soprou com força todo o dia seguinte. Decididos ficar por lá até o vento favorecer nossa descida rumo Rio Grande. Na Terça-feira, dia 17 o vento rondou para noroeste aumentando a força. Levantamos âncora rapidamente pensando em nos proteger em outra baia, porém percebemos que o tal vento, apesar de forte era muito favorável para descer a Lagoa dos Patos! Viramos a proa proa para o sul e vamoimbora!!! Que maravilha! O TAO encarou tranquilamente a parada. À tardinha estávamos ancorando na baía do Cristóvão Pereira.

Quarta, 18 madrugamos e saímos com motor e vela para fazer a perna até Rio Grande direto!

Chegamos pelas 22 horas no Porto de pescadores de São José do Norte para passarmos a noite.

De manhã cedo fomos acordados pelos marinheiros de um pesqueiro onde estávamos bordo-a-bordo, pois eles estariam saindo para o mar naquela hora. Aproveitamos para seguir nosso rumo ao Rio Grande Yate Clube. Lá chegando a Marga imediatamente enviou uma mensagem aos nossos amigos que fariam a descida para B.A. conosco. São eles o Elson Lorenzoni e o Anselmo. Bem a tempo, pois eles já estavam preocupados!

Eles chegaram de Porto Alegre naquele mesmo dia com a informação de que a previsão de tempo era perfeita para descer e que não podíamos perder tempo!

Então dia 20/03 fiz os trâmites burocráticos, abastecemos com as últimas compras e lá pelas 10 horas soltamos as espias do clube.

 

 

Resolvemos abastecer com diesel como garantia no posto do Porto Velho. Lá tivemos um contratempo, pois ao encostar no trapiche a âncora engatou no pneu de proteção e quem diz que ela quer sair? Depois de tentar tirá-la sem sucesso, decidimos serrar o pino que fixa a ancora no seu suporte. Ufa, conseguimos!

Abastecemos. Mestra na primeira forra e genoa, encaramos a barra com um nordeste bem consistente. A Marga no leme levava o TAO para sua primeira saída ao mar desde que o tínhamos comprado. Imponente, ele encarava as ondas de alheta e acelerava nas surfadas. Com ótima velocidade, atingia entre 8 e 9 knots! Perfeito! Eu estava radiante!

Infelizmente o vento não se manteve toda a viagem e foi diminuindo aos poucos. Quando ele baixava muito, ajudávamos com o motor. Vimos muitos navios que passavam a umas 2 ou 3 mihas de nós. Fizemos uma rota bem longe da costa, mesmo assim fizemos uma boa média de velocidade e chegamos a Piriápolis dia 22/03 ao amanhecer com 270 milhas navegadas.

Fomos recebidos pelo Marc e Jane Le Lec, do veleiro Tevakenui, que receberam nossas espias e nos ajudaram a atracar no muito bom porto da cidade. Bem organizado, o Porto de Piriápolis é público, ou seja, é do estado, assim como todos os outros do Uruguay. Especialmente Piriápolis tem boa estrutura para se fazer serviços em embarcações. Lá, vi no seco, um veleiro de aço com aproximadamente 100 pés. O travel-lift é enorme. Muitos navegadores que estão subindo ou descendo a costa da América do Sul têm preferido fazer suas manutenções ali em detrimento a Buenos Aires, pela estrutura do lugar e também porque perdem menos tempo entrando no Rio Da Prata. Os trâmites foram fáceis e rápidos para nós do Mercosul, pois é tudo perto. Para embarcações estrangeiras é preciso ir à imigração que fica em Punta Del Leste. Seus banheiros são muito bons, mas o banho é pago: $20,00 pesos. A diária com abastecimento dágua custou $220,00 pesos e a luz opcional: $100,00 pesos. Vale lembrar que na época 1 real valia 10 pesos.       

 

 

Elogios ao TAO à parte pela bela navegada, depois dos trâmites fomos dar uma volta para conhecer a cidade.

 

 

 Era um belo dia de sol e pouco vento. Pegamos nossas bicis e fomos conhecer o Rescate Marino, uma ONG que trabalha com animais, (aves, leões marinhos, focas, pingüins) que são machucados pelas redes de pesca ou se desorientam em busca de alimento. O trabalho desse pessoal é muito legal!  

 

 

Nossa descida à Buenos Aires foi feita em escalas para que, além de ir conhecendo os lugares, também pudéssemos navegar somente de dia, para evitar o grande trânsito de embarcações e os cascos soçobrados que dão ao Rio Da Prata fama no mundo inteiro! 

 

Dia 24/03 pelas 9 horas da manhã colocamos a proa rumo a Montevidéu, que fica a 43 mihas de distância. A navegada foi  tranqüila. Passamos pela Isla De Las Flores, a porta de entrada da capital do Uruguay. Chegamos às 16 horas em Porto Buceo com velocidade média de 7 knots no motor e vela. 

 

 

 

Eu considero este porto, dos que eu conheci, o pior do país: apesar de molhes grandes, o porto deixa entrar uma ondulação que incomoda quando o vento sopra de sudeste, o que é bem comum. Outro problema é que temos que ficar atentos é a profundidade. Para barcos de calado acima de 1,70m ao chegar se deve evitar entrar demais, pois mais raso vai ficando.

Outro fato, que não chega a ser um problema, é que a atracação é somente em poitas, porque o sistema de táxi-boat funciona bem. Os banheiros são antigos, mas ótimos e aqui não se paga pelo banho! Mas o valor da diária foi o mais caro de todos: $380,00 pesos.

No dia seguinte fomos passear pela parte turística da aconchegante cidade. Montevidéo foi palco de muitas disputas entre portugueses e espanhóis. Hoje em dia, infelizmente, já não existem mais as muralhas que formava a cidadela, onde é atualmente o centro antigo.

Tivemos uma oportunidade única de estarmos no local e na hora certa de fazermos um tur gratuito no famoso e hoje bem restaurado Teatro Solís. Foi bem legal!

Almoçamos no Mercado Público e depois a tripulação se dividiu para fazer seu passeio particular. Eu e a Marga fomos ao museu de arte pré-colombiana que, apesar de pequeno exibia peças muito interessantes. Na volta ao TAO comemos algo, a Marga foi dormir e os homens ficaram jogando conversa fora acompanhados com um bom "coup de rouge". (gole de tinto). 

 

 

No dia seguinte, 26/03 partimos para Juan Lacaze, também conhecido como Puerto Sauce ou como "Papelera", pois neste lugar existe uma fábrica de celulose bem ao lado do porto. Saindo de Buceo, seguindo as bóias de sinalização rumo oeste e cruzando pelo canal do porto de Montevidéo, passamos perto de uma das obstruções registrada na carta náutica que é o famoso navio de guerra alemão da segunda guerra Graffspee. Esta perna é a maior do percurso do Rio Da Prata, 78 milhas. Mesmo com a vantagem do horário de verão tem que sair bem cedo: 6:45h e manter uma velocidade média alta: 6,5 knots, para chegar ao destino ainda de dia: 18:00h. Mas o porto também é bom, apesar de pequeno. Lá não possui uma estrutura tão boa, como banheiros a gás. Mas é bem barato: $120,00  pesos p/dia!!

 

 

Essa parada era só para pernoite, então no dia seguinte, 27/03 rumamos para La Manzana de la Discórdia: Colônia De Sacramento. Esse apelido é porque essa cidade também foi palco das muitas disputas entre os dois países. Por fim, acabou ficando com a Espanha em acordo firmado com Portugal.

A chegada ao Puerto Viejo de Colônia é tranquilo sendo de dia, pois se deve cruzar o canal dos Buque-bus, que é confundida com o porto de recreio pelos velejadores. Também deve-se cuidar as pedras que existem em volta e a ilha em frente, também rodeada de pedras. O Puerto Viejo, assim como o de Juan Lacaze fica voltado para o oeste. Isso pode confundir os desavisados, quando chegam à noite, pois como se pode ver as luzes da ponta dos molhes, antes de vencê-los, corre-se o risco de ir direto aos molhes! 

 

         

Colônia De Sacramento, que fica a apenas 23 milhas de Juan Lacaze  é uma cidade antiga e totalmente preservada, com as construções e as ruas de calçamento originais da época da colonização. Subir o farol foi muito legal! Deu prá ter uma idéia do entorno da cidade, com suas ilhas em frente e à esquerda o porto dos Buque-bus, os ferrys que atravessam para Buenos Aires, cidade que pudemos apreciar bem ao longe, do alto do farol. Lá também hà um roteiro de pequenos museus, os quais eu, a Marga e o Elson visitamos sem exceção.

 

 

Nosso quarto tripulante, Anselmo, teve que voltar para Porto Alegre para resolver assuntos particulares. Que pena, pois apesar de nunca termos navegado juntos, foi uma das melhores tripulações o qual participei. Isso todos concordaram! Foi um privilégio termos convivido esse período com ele e absorvido seus conhecimentos em longas viagens a bordo do seu veleiroTaiú! Chegamos numa sexta-feira, por sorte, porque como os dias estavam lindos, os argentinos desceram em peso para esta cidade! Já à tardinha começaram a chegar os primeiros. Ao acordar, no sábado olhamos em volta e não acreditamos: todas as poitas e boxes nos trapiches estavam completamente ocupados! Os preços do porto são bem em conta: nas poitas custou $190,00 pesos e no trapiche é o dobro. Lá não tem o serviço de taxi-boat, portanto na poita é impressindível ter um bote. Os banheiros não são lá tão bons e são pagos também: $25,00 pesos. Vale lembrar que em todos os portos hà um pacote de permanência por mais de dois meses com 40% de desconto! Bem interessante para quem quer ficar mais tempo! Não era o nosso caso, ao menos do lado uruguaio.

 

 

 

 

No domingo, então nos preparamos para atravessar o Rio para o lado argentino, rumo a Dársena Norte no Iate Clube Argentino.

 Domingo pela manhã, 29/03 colocamos a proa para Buenos Aires, 31 milhas de distância, no pior trecho da viagem, com muitos obstáculos no caminho! Nós e aquela flotilha de velas brancas nas águas barrentas do Rio da Prata! Estava lindo de se ver! O vento era contrário de uns 20 knots. Saímos com a mestra risada e genoa fazendo boa velocidade. Pena que depois, na metade do percurso, o vento foi diminuindo, mas deu para aproveitar bastante. A maioria dos veleiros rumou para o Rio Lujan, a sudoeste, onde ficam as cidades de San Isidro e San Fernando e nós seguimos em frente. A cidade apareceu ao longe, com seus arranha-céus. Lá, cada prédio é um monumento!  

Ao chegar, entrando pelo canal principal, dentro do porto chamamos o ICA pelo VHF para pedir permissão para apoitarmos. Entrando, na praça das bandeiras, lá estava asteada a bandeira brasileira. Por um momento pensei que era por nossa causa, mas depois soube que já havia um veleiro brasileiro, o Esmeralda, de São Sebastião lá apoitado, e essa prática, de homenagear as embarcações extrangeiras é praxe do clube.

 

 

Ficamos em Buenos Aires por sete dias de cortezia. O Elson teve que retornar para Porto Alegre, infelizmente, pois ele fora um excelente marinheiro e companheiro! Ele adorou o clube e até comprou umas coisas na lojinha! Fomos muito bem recebidos e tratados. O clube é todo em estilo Inglês, lindo!

Os banheiros são ótimos e de graça! O restaurante é finíssimo, mas lá não ousamos fazer nenhuma refeição!

Passeamos muito a pé, pois o clube fica praticamente no Puerto Madero, no centro da cidade!

 

 

O lado ruim são os trâmites "burrocráticos" de entrada no país! Apesar de sermos do Mercosul, tivemos que ir, além da Prefeitura Naval e a Aduana, passar na Imigração! E sorte que estávamos com nossos passaportes! E ainda tivemos que pagar uma "taxa" de permanência de +-$50 pesos!! Quando fiz uma observação ao funcionário sobre sermos do Mercosul e que no lado uruguaio nem brasileiro não existe essa prática, ele resmungou que "bem, aqui existe"!

  

Passado esse período tínhamos que "picar a mula", pois o clube não permite hospedagens maiores. Nosso destino mesmo era o Club de Veleros Barlovento. Para ir até lá hà duas maneiras: uma, para barcos com grande calado seguir o canal Mitre por seis horas!! A outra é esperar a maré e o vento favorável, que influencia na altura das águas, e seguir por um canalete, o Costanero, que não existe mais em duas horas de navegada!

Era um domingo, e eu estava apreensivo, pois seguindo pelo caminho mais perto havia uma probabilidade de encalhar se fizesse algo errado. Procurei me informar sobre a rota, mas ninguém me explicava direito, apenas vagamente até que apareceu um senhor que, gentimente me deu as referências a seguir. Eu pedia a todos se tivessem Waypoints para facilitar minha vida, mas parece que ninguém tinha, ou não queriam dar!! Sei lá!! Bem, felizmente neste dia o Rio estava bem cheio, apesar do vento contra e arriscamos nossa ida. Saímos pelo lado oeste da Dársena, cortando um bom caminho! Ao sair, passamos de sete metros para dois e meio! Com o vento contário, as ondas faziam  o barco se jogar para tudo que era lado!       

Era um domingo de sol. Havia centenas de veleiros na água!

 

 

 

 Nós passamos por três regatas barla-sota no caminho! Tinhamos que negociar nossa velocidade com a deles para não atrapalhar e para não batermos também!

O rumo mg 320º, assim como as marcações que o Sr. Lorenzo nos passara foram corretas até a metade do percurso. As boias verdes nº20 e 27 não apareciam na proa. Notei o ecobatímetro diminuindo cada vez mais até chegar em 1.9m, sendo que vínhamos empre com 3m de água. Algo estava erado. Resolvi dar meia volta. Daí percebemos muitos barcos navegando quase em linha a uma minha de nós. Então percebemos que era lá o caminho para o Rio Lujan! Se não fosse domingo seria bem mais complicado encontrar o tal Rio!

 

 

Uma vez dentro do canal, temos 5m de profundidade. O Club Veleros Barlovento fica a poucas mihas da entrada do Rio. Fomos recebidos pela lancha Gauchita que nos indicou nosso lugar.

 

 

Ganhamos 7 dias de amarras de cortezia e o valor do mês acertado foi de $585,00 pesos. No segundo mês o valor sobe para $1755,00!!!! A cotação do peso/real era de 1 peso para 0,70 de real.

Bom, pretendíamos ficar um mês mesmo, e retornar para águas brasileiras no início de maio, com ou sem tripulação extra.

 

 

 

 

 

 



18/10/2009
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